Carnaval (Obsessões Carnavalescas)
sexta-feira, fevereiro 03, 2012 Posted In Mensagens , Reflexões... Edit This 0 Comments »
“Atrás do trio elétrico também vai
quem já “morreu”...”!
Ao contrário do que reza o frevo de Caetano Veloso, não são somente os “vivos” que formam a multidão de foliões que se aglomera nas ruas das grandes cidades brasileiras ou de outras plagas onde se comemore o Carnaval.
Ao contrário do que reza o frevo de Caetano Veloso, não são somente os “vivos” que formam a multidão de foliões que se aglomera nas ruas das grandes cidades brasileiras ou de outras plagas onde se comemore o Carnaval.
O Espiritismo
nos esclarece que estamos o tempo todo em companhia de uma inumerável legião de
seres invisíveis, recebendo deles boas e más influências a depender da faixa de
sintonia em que nos encontremos. Essa massa de espíritos cresce sobremaneira
nos dias de realização de festas pagãs, como é o Carnaval.
Nessas ocasiões, como grande parte das pessoas se dá aos exageros de toda sorte, as influências nefastas se intensificam e muitos dos encarnados se deixam dominar por espíritos maléficos, ocasionando os tristes casos de violência criminosa, como os homicídios e suicídios, além dos desvarios sexuais que levam à paternidade e maternidade irresponsáveis. Se antes de compor sua famosa canção o filho de Dona Canô tivesse conhecido o livro “Nas Fronteiras da Loucura”, ditado ao médium Divaldo Pereira Franco pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, talvez fizesse uma letra diferente e, sensível como o poeta que é, cuidaria de exortar os foliões “pipoca” e aqueles que engrossam os blocos a cada ano contra os excessos de toda ordem. Mas como o tempo é o senhor de todo entendimento, hoje Caetano é um dos muitos artistas que pregam a paz no Carnaval, denunciando, do alto do trio elétrico, as manifestações de violência que consegue flagrar na multidão.
No livro
citado, Manoel Philomeno, que quando encarnado desempenhou atividades médicas e
espiritistas em Salvador, relata episódios protagonizados pelo venerando
Espírito Bezerra de Menezes, na condução de equipes socorristas junto a
encarnados em desequilíbrios.
Philomeno registra, dentre outros pontos de relevante interesse, o encontro com um certo sambista desencarnado, o qual não é difícil identificar como Noel Rosa, o poeta do bairro boêmio de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, muito a propósito, integrava uma dessas equipes socorristas encarregadas de prestar atendimento espiritual durante os dias de Carnaval.
Interessado em
colher informações para a aprendizagem própria (e nossa também!), Philomeno
inquiriu Noel sobre como este conciliava sua anterior condição de “sambista
vinculado às ações do Carnaval com a atual, longe do bulício festivo, em
trabalhos de socorro ao próximo”. Com tranqüilidade, o autor de “Camisa
listrada” respondeu que em suas canções traduzia as dores e aspirações do povo,
relatando os dramas, angústias e tragédias amorosas do submundo carioca, mas
compreendeu seu fracasso ao desencarnar, despertando “sob maior soma de
amarguras, com fortes vinculações aos ambientes sórdidos, pelos quais
transitara em largas aflições”.
No entanto, a
obra musical de Noel Rosa cativara tantos corações que os bons sentimentos
despertados nas pessoas atuaram em seu favor no plano espiritual; “Embora eu
não fosse um herói, nem mesmo um homem que se desincumbira corretamente do
dever, minha memória gerou simpatias e a mensagem das músicas provocou
amizades, graças a cujo recurso fui alcançado pela Misericórdia Divina, que me
recambiou para outros sítios de tratamento e renovação, onde despertei para
realidades novas”.
Como acontece
com todo espírito calceta que por fim se rende aos imperativos das sábias leis,
Noel conseguiu, pois, descobrir “que é sempre tempo de recomeçar e de
agir” e assim ele iniciou a composição de novos sambas, “ao compasso do
bem, com as melodias da esperança e os ritmos da paz, numa Vila de amor
infinito...”.
Entre os anos
60 e 70, Noel Rosa integrava a plêiade de espíritos que ditaram ao médium,
jornalista e escritor espírita Jorge Rizzini a série de composições que
resultou em dois discos e apresentações em festivais de músicas mediúnicas em
São Paulo.
O entendimento do Poeta da Vila quanto às ebulições momescas, é claro, também mudou:
- “O Carnaval para mim, é passado de
dor e a caridade hoje, é-me festa de todo, dia, qual primavera que surge após
inverno demorado, sombrio”.
A Carne Nada Vale:
O Carnaval,
conforme os conceitos de Bezerra de Menezes, é festa que ainda guarda vestígios
da barbárie e do primitivismo que ainda reina entre os encarnados, marcado
pelas paixões do prazer violento. Como nosso imperativo maior é a Lei de
Evolução, um dia tudo isso, todas essas manifestações ruidosas que marcam nosso
estágio de inferioridade desaparecerão da Terra.
Em seu lugar,
então, predominarão a alegria pura, a jovialidade, a satisfação, o júbilo real,
com o homem despertando para a beleza e a arte, sem agressão nem promiscuidade.
A folia em que pontifica o Rei Momo já foi um dia a comemoração dos povos guerreiros,
festejando vitórias; foi reverência coletiva ao deus Dionísio, na Grécia
clássica, quando a festa se chamava bacanalia; na velha Roma dos césares,
fortemente marcada pelo aspecto pagão, chamou-se saturnalia e nessas ocasiões
se imolava uma vítima humana.
Na Idade Média, entretanto, é que a festividade adquiriu o conceito que hoje apresenta, o de uma vez por ano é lícito enlouquecer, em homenagem aos falsos deuses do vinho, das orgias, dos desvarios e dos excessos, em suma.
Bezerra cita os
estudiosos do comportamento e da psique da atualidade, “sinceramente
convencidos da necessidade de descarregarem-se as tensões e recalques nesses
dias em que a carne nada vale, cuja primeira silaba de cada palavra compõe o
verbete carnaval”.
Assim, em três ou mais dias de verdadeira loucura, as pessoas desavisadas, se entregam ao descompromisso, exagerando nas atitudes, ao compasso de sons febris e vapores alucinantes. Está no materialismo, que vê o corpo, a matéria, como inicio e fim em si mesmo, a causa de tal desregramento.
Assim, em três ou mais dias de verdadeira loucura, as pessoas desavisadas, se entregam ao descompromisso, exagerando nas atitudes, ao compasso de sons febris e vapores alucinantes. Está no materialismo, que vê o corpo, a matéria, como inicio e fim em si mesmo, a causa de tal desregramento.
Esse
comportamento afeta inclusive aqueles que se dizem religiosos, mas não têm, em
verdade, a necessária compreensão da vida espiritual, deixando-se também
enlouquecer uma vez por ano.
Processo de Loucura e Obsessão:
Processo de Loucura e Obsessão:
As pessoas que se animam para a festa carnavalesca e fazem preparativos organizando fantasias e demais apetrechos para o que consideram um simples e sadio aproveitamento das alegrias e dos prazeres da vida, não imaginam que, muitas vezes, estão sendo inspiradas por entidades vinculadas às sombras. Tais espíritos, como informa Manoel Philomeno, buscam vitimas em potencial “para alijá-las do equilíbrio, dando inicio a processos nefandos de obsessões demoradas”.
Isso acontece tanto com aqueles que se afinizam com os seres perturbadores, adotando comportamento vicioso, quanto com criaturas cujas atitudes as identificam como pessoas respeitáveis, embora sujeitas às tentações que os prazeres mundanos representam, por também acreditarem que seja lícito enlouquecer uma vez por ano.
Esse processo
sutil de aliciamento esclarece o autor espiritual, dá-se durante o sono, quando
os encarnados, desprendidos parcialmente do corpo físico, fazem incursões às
regiões de baixo teor vibratório, próprias das entidades vinculadas às tramas
de desespero e loucura. Os homens que assim procedem não o fazem simplesmente
atendendo aos apelos magnéticos que atrai os espíritos desequilibrados e desses
seres, mas porque a eles se ligam pelo pensamento, “em razão das preferências
que acolhem e dos prazeres que se facultam no mundo íntimo”. Ou seja, as
tendências de cada um, e a correspondente impotência ou apatia em vencê-las,
são o imã que atrai os espíritos desequilibrados e fomentadores do
desequilíbrio, o qual, em suma, não existiria se os homens se mantivessem no
firme propósito de educar as paixões instintivas que os animalizam.
Há dois mil
anos. Tal situação não difere muito dos episódios de possessão demoníaca aos quais
o Mestre Jesus era chamado a atender, promovendo as curas “milagrosas” de que
se ocupam os evangelhos. Atualmente, temos, graças ao Espiritismo, a explicação
das causas e conseqüências desses fatos, desde que Allan Kardec fora convocado
à tarefa de codificar a Doutrina dos Espíritos. Conforme configurado na
primeira obra da Codificação – O Livro dos Espíritos -, estamos, na Terra,
quase que sob a direção das entidades invisíveis: “Os espíritos influem sobre
nossos pensamentos e ações?”, pergunta o Codificador, para ser informado de que
“a esse respeito sua (dos espíritos) influência é maior do que credes porque,
freqüentemente, são eles que vos dirigem”. Pode parecer assustador, ainda mais
que se se tem os espíritos ainda inferiorizados à conta de demônios.
Mas, do mesmo modo como somos facilmente dominados pelos maus espíritos, quando, como já dito, sintonizamos na mesma freqüência de pensamento, também obtemos, pelo mesmo processo, o concurso dos bons, aqueles que agem a nosso favor em nome de Jesus. Basta, para tanto, estarmos predispostos a suas orientações, atentos ao aviso de “orar e vigiar” que o Cristo nos deu há dois mil anos, através do cultivo de atitudes salutares, como a prece e a praticada caridade desinteressada. Esta última é a característica de espíritos como Bezerra de Menezes, que em sua última encarnação fora alcunhado de “o médico dos pobres” e hoje é reverenciado no meio espírita como “o apóstolo da caridade no Brasil”.
Título : Carnaval ( Obsessões
Carnavalescas )
Autor: Revista Visão Espírita -
(Março de 2000)
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